Desconcerto
Para aqueles que por vezes ouvem vozes, e nao sabem de onde vem. Talvez do fundo da memoria.
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Todas as cousas que há neste mundo
Têm uma história,
Excepto estas rãs que coaxam no fundo
Da minha memória.
Qualquer lugar neste mundo tem
Um onde estar,
Salvo este charco de onde me vem
Esse coaxar.
Ergue-se em mim uma lua falsa
Sobre juncais,
E o charco emerge, que o luar realça
Menos e mais.
Onde, em que vida, de que maneira
Fui o que lembro
Por este coaxar das rãs na esteira
Do que deslembro?
Nada. Um silêncio entre jucos dorme.
Coaxam ao fim
De uma alma antiga que tenho enorme
As rãs sem mim.
Fernando Pessoa, 13 de Agosto de 1933
3 Comments:
não sei se viste no meu blog. fz uma graça com este poema que acho lindo. a tua é mais profunda. eu brinco com coisas sérias. Gostei. Vou continuar a visitar.
Admito, roubei-to Mas foi um roubar infantil, pois li este poema num livro antigo k tinha em casa e tocou-me numa cert forma. Sempre bem vinda a vir, porta aberta...
Brincando com coisas que não são nada sérias
Quote:
Tinha que ser.
Tenta ser original pois já nada se inventa.
Tudo se transforma???
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